A primeira lembrança foi por volta dos 10 anos, quando meu professor de português, me vendo pentear o cabelo de uma coleguinha, saiu-se com essa: “se isso não parar vou colocar a cliente e a dona do salão pra fora da classe”. Trago essa imagem comigo até hoje. Por muitos anos o mundo da beleza, embora fascinante, não era uma opção em minha vida, pois amante que sempre fui da leitura e do conhecimento, achava que meu caminho natural era ser professora.
Então, em um belo dia, do nada, o mundo da beleza deixa de ser periférico em minha vida e passa a ser sonho e desafio. Ao saber que minha cabeleireira e manicure precisava de auxiliar para trabalhar no final do ano, me ofereci. Ela disse não, que eu não tinha prática, que não sabia fazer escova etc e tal. Fiquei revoltada e achei um absurdo ela me negar a oportunidade de aprender.
Naquele exato momento nascia um sonho.
Determinada que sou, transformei este sonho que completará 10 anos agora em 2018. Não sabia ainda, mas com esta conquista realizou-se, também o primeiro sonho de minha vida: ser professora. Tudo aos 45 anos.
Nunca fui velha quando jovem... continuo jovem. Continuo inquieta como sempre fui. O tempo continua meu aliado e ainda espero passar muito tempo aqui na terra, realizando pequenos sonhos, médios sonhos, grandes sonhos. Cotidianos sonhos. Um sonho não é apenas um sonho em si mesmo. São vários. Não desistamos deles jamais.
Ser cabeleireira, para mim, é fazer a diferença através do olhar das clientes no espelho, através dos alunos em seus futuros salões e trabalho. Fazer a diferença através do amor que tenho pelo meu trabalho e pela vida. Ser cabeleireira é uma delícia e me dá tempo e oportunidade de ser mais feliz.
Vamos construir sonhos, meninos e meninas? O tempo para, isso é aqui e agora. Nunca amanhã. Pensem nisso. Até breve.
Cristina Bernardes