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Os processos de alisamento, histórico e evolução, estrutura capilar, tipos existentes e compatibilidades

Os processos de alisamento, histórico e evolução, estrutura capilar, tipos existentes e  compatibilidades
Bruno Ribeiro Embaixador da Beleza
Oct. 21 - 12 min read
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Para entendermos como funcionam os processos de alisamento, precisamos conhecer primeiro um pouco da estrutura do fio de cabelo, e como as substâncias de alisamento agem. Existem vários tipos de alisamento, e falaremos  de maneira rápida e clara sobre alguns dos principais e suas compatibilidades.

Ao fazer uma análise capilar, a primeira coisa que deve se perguntar ao cliente é o histórico capilar do mesmo. Que tipos de produtos ele já usou? Qual química fez? Os cabelos fizeram uso de amônia ou ácidos? Já foram alisados anteriormente e qual o tipo de alisamento usado? E o tempo a qual a pessoa fez o uso, ou se ainda faz o uso?

Isso para ser analisado a janela química/ compatibilidade (tempo em que outro tipo de química é permitido na fibra) sem danificar o fio. Deve-se analisar o tipo de cabelo, verificando-se a resistência, porosidade e densidade e histórico de tratamentos químicos, pois a estrutura da fibra capilar varia de pessoa a pessoa, também deve ser seguido o procedimento padrão de aplicação do produto com um profissional, e seguir rigorosamente o teste de mechas, e indicações do fabricante (pausa, tempo de exposição ao produto e proteção da pele e couro cabeludo).

EVOLUÇÃO DOS ALISAMENTOS

Século XIX- Francês Marcel Grateau, técnica de ferros e pentes quentes para alisamento, eram usados tipos de ceras e materiais graxos, para a durabilidade do liso, porém o processo não permanecia muito estável, com o contato com líquido e suor, os cabelos retornavam ao estado original.

Década de 40

Uma das primeiras soluções de alisamento - hidróxido de sódio ou potássio + amido - altamente irritante ao couro cabeludo.

Ainda na mesma década, solução de ácido tioglicólico para ondular e posteriormente para alisar. Tanto no alisamento, quanto no ondulamento, os processos químicos utilizam técnicas similares.

Década de 50                               

Novos "deformadores de cabelo" a base de soda caústica (hidróxido de sódio) exclusivo para cabeleireiros, porém enfraqueciam e ressecavam demasiadamente a fibra capilar, irritavam o couro cabeludo, e tinham fórmulas instáveis.

Década de 70

Hidróxido de Guanidina (Guanidina) creme de cálcio misturado a um fluído ativador de carbonato de guanidina, assim ativando o alisamento.

1990 aos dias atuais

Além dos hidróxidos de sódio e guanidina, estende-se ao mercado a opção de alisantes a base de aminoácidos, carbocisteína, e ácido glioxílico, com a função de alisar e condicionar, reduzindo assim os danos do alisamento nos fios, outra opção  regulada e proibida pela anvisa, desde 2009, são as soluções de formaldeído (formol) que causam o chamado efeito "plastificado" nos fios.

ESTRUTURA CAPILAR - COMPREENDENDO OS PELOS

Os pelos são produções queratinizadas flexíveis, e sutis que cobrem determinadas áreas cutâneas. O ser humano necessariamente não precisa deles para viver, adaptando-se a qualquer situação sem eles, porém a função dos pelos agrega a pele proteção térmica, solar, proteção dos orifícios, e aumento da percepção térmica (sensibilidade corporal).

Os pelos são divididos em três tipos:

Lanugo - Desenvolvido no período fetal, visível até a 20°semana, após o nascimento substituídos por pelos velos.

Velos Pelo fino, presente na maioria das partes do corpo, exceto nas axilas e púbis, permanecem no corpo até a puberdade, onde são modificados em sua estrutura e substituídos.

Terminais - Pelos mais espessos, pigmentados, compreende cabelos, sobrancelhas, axilas, púbis, cílios, barba, face, bigode e extremidades.

COMPOSIÇÃO QUÍMICA CAPILAR - ENTENDENDO O CABELO

A fibra capilar se divide em três partes: cutícula, medula e córtex.

A cutícula (parte mais externa) que conseguimos ver a olho nu, ela protege o corte e cria uma barreira resistente aos produtos químicos.

A medula tubo denso no centro da fibra capilar, é o centro da fibra, e responsável pelas maiores quantidades de queratina da fibra capilar.

O córtex capilar, que é uma das camadas mais conhecidas da fibra, agrupa-se em camadas logo abaixo da cutícula e formam a estrutura da resistência da fibra capilar, é nesse córtex onde se encontram as proteínas, os aminoácidos e os elementos básicos que compõe o cabelo.

São três os elementos básicos que compõe a fibra capilar: carbono, hidrogênio e oxigênio, que juntos formam a tão conhecida QUERATINA, uma proteína que é a base do cabelo (85%) junto com os lipídios e a água (3%).

O carbono (45%) é quem fortalece, e liga os aminoácidos a fibra capilar, ele quem ajuda o cabelo na absorção dos ativos, potencializa a hidratação e dá peso ao cabelo.

O hidrogênio (7%) é o elemento mais simples, porém o elemento que dá resposta aos íons, os potenciais hidrogeniônicos derivam-se deste elemento.

Oxigênio (28%). Contribui no ciclo de oxidação e movimentação celular da fibra.

Nitrogênio (15%). Inibe a oxidação.

Enxofre (5%). Responsável pela forma e formato do cabelo, e também pelas pontes e ligações da fibra.

As ligações mais importantes da fibra capilar encontram-se no córtex, pontes de hidrogênio, salinas e dissulfetos (ligações de enxofre).

Pontes de hidrogênio: São as ligações temporárias da fibra capilar, pontes fracas, que se rompem com facilidade nos processos de lavagem, escova, umidade etc. Um exemplo claro destas pontes se dá na estrutura de um cabelo encaracolado ou ondulado, quando lavado e pranchado, transforma-se em liso, na lavagem, rompem-se as pontes temporárias da fibra, no procedimento de secagem e prancha, une-se novamente essas pontes de hidrogênio, formando o liso do cabelo, só que esse liso é maleável, com a umidade, ou a próxima lavagem o cabelo vai voltando ao “normal”,  com um pouco de frizz e volume, rompem-se novamente as ligações temporárias e permanecem as pontes naturais da fibra.

Pontes salinas: São as pontes intermediárias, compostas de íons negativos e positivos, são um pouco mais fortes que as pontes de hidrogênio, e mudam a estrutura capilar conforme o cabelo altera o pH (nível de acidez) essas pontes comumente se rompem quando usa-se um produto não adequado, e resseca-se a fibra ou causa oleosidade excessiva por exemplo, elas se rompem quando o pH FICA MAIS ALCALINO OU ÁCIDO, e só se recompõe quando a estrutura capilar retorna ao pH natural.

Pontes dissulfetos (enxofre): Essas são as ligações mais fortes do cabelo, que só rompem-se com o uso de química. Quando se utiliza qualquer tipo de alisamento, as pontes de dissulfetos são quebradas, e são religadas novamente quando se dão um novo formato ao fio e neutraliza-se o pH do cabelo neste novo formato. Elas se desligam no formato natural, e se recompõe no estado moldado, permitindo que os cabelos continuem com esse novo formado, mesmo passando por processos de lavagem, umidade etc.

TIPOS DE ALISAMENTO EXISTENTES NO MERCADO E SUAS COMPATIBILIDADES

Agora que você compreendeu um pouco da história do alisamento, da estrutura capilar e composição química do fio, vamos estudar os tipos de alisamento, suas funções, seus níveis e suas compatibilidades. Os alisamentos, como o próprio nome já diz, proporcionam o poder de alisar o fio, para isto, eles contam com agentes que penetram diretamente nas pontes de dissulfeto, e rompem as ligações da mesma. As pontes de dissulfetos são estruturas de átomos de enxofre (camadas capilares) que formam a fibra capilar, quanto mais pontes de dissulfeto, mais crespo o cabelo é. O alisante age exatamente nessas pontes, e nos átomos de enxofre, desprendendo as partículas e tornando o efeito liso desejado.

Vale lembrar que para um efeito liso satisfatório, vários fatores influenciam, como o tempo de ação do produto, a neutralização do pH da fibra após o desprendimento e junção das pontes na nova forma do cabelo, e os ativos e compostos presentes no alisante.

Existem alguns tipos de alisamento, vejamos os mais comuns:

Alisamento definitivo (Escova definitiva): Age na estrutura interna do fio, um alisamento com produtos mais fortes, pode durar entre  6 meses ou mais.

Alisamento Inteligente (Escova Inteligente): Aplicada em qualquer tipo de cabelo, a inteligente alia o poder do alisante, mais ativos que hidratam e tratam a fibra, deixando-a com movimento, brilho e maciez naturais, seu resultado pode variar de 30 a 120 dias, dependendo da estrutura da fibra capilar.

Alisamento Progressivo (Escova Progressiva): Como o próprio nome já diz, quanto mais se usa o produto, mais efeitos de um alisamento perfeito e duradouro se consegue, ideal para cabelos crespos ou cacheados, a progressiva tem a durabilidade de 30 a 90 dias dependendo da estrutura da fibra capilar.

Relaxamento capilar: Técnica utilizada por cacheadas, e por cabelos crespos ou crespíssimos, consiste em baixar o volume e dar forma ao fio, controlando o frizz. Atua na estrutura da fibra capilar deixando os cabelos alinhados e hidratados.

ATIVOS DE ALISAMENTO E SUAS COMPATIBILIDADES:

Hidróxido de sódio

É a famosa soda cáustica, e está presente na maioria dos alisantes. De efeito extremo e irreversível, o hidróxido de sódio é usado principalmente nos cabelos muito crespos para reverter as suas estruturas. 

Não é compatível com: qualquer outra química de alisamento ou descoloração.

Cabelos que já possuem coloração ou uso de guanidina, podem ser compatíveis, porém recomenda-se antes de qualquer uso o teste de mechas, pois normalmente alisantes a base do hidróxido de sódio tendem mais para incompatibilidade.

Tioglicolato de Amônio

O tioglicolato de amônio penetra na estrutura capilar e amolece o fio. Ele é usado juntamente com um neutralizante para estabilizar o pH da fibra capilar, pois o seu efeito é muito forte, o odor característico também.

Não é compatível com: guanidina e hidróxido de sódio. A mistura desse tipo de química pode causar queda ou corte químico.

É compatível com: descolorações e escova progressiva (plásticas redutoras e alisamento a base de formol).

Guanidina

A guanidina age transformando as cadeias internas dos fois, quebrando e remodelando as moléculas, e dá um efeito liso e maleável no cabelo, é um alisamento muito usado por quem deseja brilho, durabilidade e um cabelo com bastante movimento.

Não é compatível com: amônia, henê, tioglicolato de amônio ou amônia.
Mas tem compatibilidade com ela mesma, e até com plásticas redutoras (formol) desde que seja feito os testes e aplicado de maneira correta por um profissional.

Também é compatível com o hidróxido de sódio. 

Ácido Glioxílico (As conhecidas escovas orgânicas)

Uma opção menos agressiva ao couro cabeludo e a saúde dos cabelos, o ácido glioxílico não contém formol, tem baixo cheiro e trata a fibra de maneira interna, agindo de dentro pra fora e transformando o fio, Vale lembrar que apesar desse ácido não ter formol, ele libera ao ser aquecido uma substância chamada formaldeíldo, uma espécie similar ao formol, porém em teores baixos e que não danificam os cabelos. Como uma escova que causam baixos danos a fibra capilar, também pode ser compatível com amônia, porém não é indicado, devendo-se fazer a prova de mechas, antes do alisamento, e prosseguir se tudo ocorrer bem. Com cabelos extremamente loiros ou platinados, não deve ser usado, pois pode causar corte químico e danificar a fibra. Alisa os cabelos aliados a ativos nutrientes que proporcionam maciez e brilho.

OBSERVAÇÕES FINAIS:

* O uso de coloração junto ao tioglicolato deve ser feito com cautela: pois só deve ser usada até a coloração 6.0 com OX de 20V, ou seja do preto ao louro escuro.

* Usar Hidróxido de Sódio com Guanidina é permitido, pois pertencem a mesma família dos hidróxidos, mas só devem ser aplicadas no crescimento da raiz.

* A Guanidina não pode ser usada com Coloração, apenas com tonalizante até 7.0 (louro escuro).

* Atenção ao usar Tioglicolato com Coloração, pois só deve-se descolorir até 7.0 com descolorante sem amônia e OX de 10V.

* Guanidina com Descoloração devem ser usados com cuidado, pois só deve-se descolorir até 7.0 com descolorante sem amônia e OX de 10V.

* Inteligentes orgânicas a base de ácido, não são compatíveis com amônia, loiros ou descoloridos, podem causar corte químico, ou amarelamento e escurecimento do tom de cabelo, antes de fazer qualquer procedimento de alisamento, consulte seu cabeleireiro.

 

FONTES DE PESQUISA:
https://educadoresdabeleza.com.br/blog/composicao-quimica-do-cabelo

https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/118857/delfini_fna_tcc_arafcf.pdf?sequence=1&isAllowed=y

https://cabelo.com.br/alisante-de-cabelo-descubra/

https://lane.com.br/compatibilidade-quimica/

https://www.bellkey.com.br/alisamentos-e-redutores-de-volume-conheca-os-tipos/


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