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A história e o futuro dos alisamentos no Brasil. Uma visão de mercado

A história e o futuro dos alisamentos no Brasil. Uma visão de mercado
Zeno Sanches
Oct. 22 - 7 min read
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Historicamente todos já ouvimos falar em Tricologia, do grego estudo dos pelos, estudo esse que se iniciou com a busca de vestimentas, dos povos helênicos ao luxo e ao conforto, pois utilizar-se de pelos e couro animal como vestimenta, mesmo naquela época já era considerado primitivo e selvagem. No Império Chinês o mesmo já se passava, assim evoluímos das vestimentas de couro animal, para os "Adão e Eva", da Indústria Cosmética, o Comércio e a Indústria Têxtil. Criando assim a base da industria têxtil, sua solidez, essa Revolução Industrial Inglesa, sem se separar de seu esposo, o Comércio.

Assim os comparativos de tecido e cabelo nasceram de uma mesma pesquisa, na sequência seus produtos também. Mas vamos pular isso e ir para a história moderna.

1910

Em 1912 um empresário afro-americano descobre que um material de confecção dava um resultado de liso também na fibra capilar, criando o primeiro alisamento capilar propriamente dito seu nome Garret August Morgan.

1930

Seu produto tornou-se um sucesso entre os consumidores afro-americanos. O Brasil seguindo a tendência europeia de pentear, utiliza-se até 1930 dos aparelhos mecânicos como o avô da "Chapinha", surge o Cabelisador, instrumento de ferro aquecido em fogo. Utilizado até os anos 90, nas periferias pobres dos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Minas.

Nessa década, as musas do cinema usavam looks volumosos e alinhados, buscando imitar o visual de Jacqueline Kennedy, deixando uma tendência de moda europeia os cabelos ondulados, para usar a moda americana, cabelos lisos.

1940

Um pouco mais evoluído, mas não muito diferente surge o Pente Quente, o pai da      "Chapinha"...até os anos 1970 um grande sucesso, até o surgimento da moda do black power.

1950

Como já falamos em 1912 os produtos químicos começam a surgir, em meio a Guetos, aprimorado industrialmente só em 1914, já que a industria cosmética propriamente dita não existia.

Em 1950 surge o nascimento da Indústria Cosmética Mundial, com seu primeiro produto de alisamento tendo como princípio ativo a Soda Cáustica, o mesmo produto de limpeza que evoluiu para o Hidróxido de Sódio, pela empresa Relaxer, que o aprimorou e comercializou não mais como produto de limpeza e sim cosmético.

1980

A moda se recria e se imita, foi assim a moda dos ondulados. Agora não mais mecânicos e sim cosméticos, surge o Tioglicolato de Amônio usado com um aparelho mecânico chamado bigoudis, prova que o comércio é um poderoso aliado da Indústria Cosmética, o Permanente, com objetivo de encaracolar os cabelos.

 Os produtos de alisar e cachear eram os mesmos, mas com técnicas de aplicação diferentes. O jeitinho brasileiro cria a Touca de Gesso, uma mistura de farinha de trigo com tioglicolato de amônio e também os henês, da-se o nome Relaxamento, utilizando no nome da empresa Relaxer.

2000

O cabeleireiro Satoru Nagata, que aprimorou uma técnica turca e batizou de Alisamento Japonês, também conhecido como Escova Definitiva. 

Apresentadoras de Tv's e atrizes das grandes emissoras eram as referências para o trabalho ser vendido por empresas, técnicos e cabeleireiros.

Um sucesso meteórico das empresas cosméticas multinacionais, uma vez que a indústria nacional não detinha tecnologia para fabricação do mesmo. 

A adquisição do produto e das técnicas de utilização eram de altíssimos lucros para as empresas, assim como o investimento para os cabeleireiros. E quem bancava todo esse jogo de interesse eram as consumidoras finais que ameaçavam trocar de profissional ou salão se o mesmo não tivesse o produto e a técnica. 

Assim, por cerca de três anos o mercado de alisamento japonês ou definitivo embolsou no mercado brasileiro lucros bilionários, com um produto altamente agressivo a fibra capilar, com restrições de uso e manutenção e limitador de outros serviços, com um processo de até 12 horas de aplicação para o profissional.

Também um dos grandes pontos para a utilização dos produtos e dos serviços foi a base técnica dos profissionais, ainda muito limitada e carente de fontes confiáveis de ensino, trabalhavam no escuro com um profissional ensinando, outros como aplicar, sem uma anamnese prévia para resultados seguros.

 

Lembram que no início de nosso artigo falei sobre quem eram o "Adão e Eva" da indústria cosmética?

O jeitinho brasileiro volta a cena do mercado nacional, enquanto no Estado do Rio de Janeiro a elite carioca exibia suas Escovas Japonesas, nos subúrbios surge a Escova Progressiva tendo como princípio ativo o Formoldeído, que causa um prejuízo bilionário da indústria cosmética internacional e dá vigor financeiro para a indústria cosmética nacional.

A iniciativa dos cabeleireiros proporcionava cabelos lisos e brilhantes por três meses. Entretanto, como o ativo causava diversos danos à saúde, inclusive casos de morte, a Anvisa pressionada pelas indústrias multinacionais que vêem seu mercado bilionários cair, iniciam a guerra contra a substância e proíbe seu uso para alisamentos, permitindo apenas 0,2% na fórmula dos produtos – quantidade suficiente para conservá-los, entretanto escondem as mesmas advertências do tioglicolato de amônia, ou seja, nada imparcial.

Hoje no Brasil, temos cerca de 100 fábricas legalizadas para 200 não legalizadas, um mercado que faturou milhões no nosso limitado mercado cosmético nacional.

Atualmente com a proibição do formol, o mercado investe em fórmulas alisantes livres dele. É o caso do alisamento light, dos redutores de volume, realinhamento térmico e escovas definitivas. Após surgir como um dos substitutos do formol, o Ácido Glioxílico também foi proibido em 2014, pois ao esquentá-lo com a prancha, libera formaldeído. 

2010

O formaldeído é proibido no Brasil como princípio ativo de cosméticos alisantes, surgem então os Ácidos de todos os tipos, cores e cheiros e espécies, com o intuito de não perder quase 20 anos de mercado, este já em declínio pois os produtos de baixo valor para o mercado tornam-se improdutivos para as indústrias e para o comércio.

Após surgir como um dos substitutos hoje, as substâncias permitidas são: tioglicolato de amônio, carbonato de guanidina, hidróxido de guanidina, de sódio, potássio, lítio e cálcio

Entretanto voltamos a questão da aplicação técnica destes produtos, quando será pulverizada entre os profissionais e os centros de formação de profissionais?

Quando teremos conhecimento de princípios ativos e seus processos, suas lucratividades para o mercado e para o profissional cabeleireiro e para a satisfação das consumidoras?

Algumas empresas já estão investindo na retomada destes produtos com base na aplicação da escova progressiva, mas ainda sem o ensino tecnológico do produto, já outros colocam em seus orçamentos que precisam educar para lucrar, um processo no Brasil longo e demorado.

Com base nos estudos de Patricia Santos em seu artigo em 2015, outras fontes científicas de pesquisa e da vivência de 19 anos no mercado cosmético nacional e 9 anos como Consultor de Salões e Barbearias do autor.


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